28.4.13

Qual deve ser o papel da família em casos de depressão de idosos? Dra. Raquel Maracaípe de Carvalho

A depressão na terceira idade é comum ou ela é tão frequente quanto em outras faixas etárias?


A depressão na terceira idade é muito comum e frequente se compararmos às outras faixas etárias. Diferentemente do que a maioria pensa, o idoso pode, sim, se sentir deprimido, ansioso e angustiado. A depressão na terceira idade surge, principalmente, em decorrência do isolamento social, afetivo e familiar ao qual esse idoso é submetido. Por isso, é importante inserir a pessoa nos círculos familiares e sociais dos quais ela fez – e ainda faz – parte durante toda a vida. É importante para o idoso se sentir útil, pois, caso contrário, ele irá perder o ânimo da vida, se sentir desprezado e, assim, acaba acometido pela depressão.


Quais são os principais sintomas de que o idoso pode estar sofrendo com a depressão?

Em geral, os sintomas apresentados pelo idoso com depressão são: apatia geral pela vida, falta de interesse em sair, participar de reuniões e festas da família e de amigos, não ter vontade de se arrumar ou tomar banho, apresentar falta de apetite, insônia ou dormir em excesso. Tudo isso acompanhado de um sentimento de menos valia, como, por exemplo, falando que a vida já perdeu o sentido, que ele já poderia ter morrido há muito tempo, que ele não tem mais nada a fazer nesta vida, etc., além de desânimo e cansaço.


Em quadros de depressão, é normal que o idoso se sinta "inútil" e até incomodado pelo fato de estar atrapalhando os seus outros familiares?

Sim. Como já foi dito anteriormente, os idosos com depressão, muitas vezes, têm o sentimento de que são inúteis, de que não "servem" mais para nada, que sua vida é um fardo ou peso para a família. Por isso é comum o sentimento de estar "atrapalhando" a vida dos outros, principalmente dos familiares.


Além desses sentimentos, quais outros o idoso pode manifestar?

Ele pode manifestar raiva, que pode ser expressa na forma de manifestações ou agressões físicas ou verbais. O idoso pode também, nesses casos, ter atitudes de reclamar de tudo, de não se conformar com a vida que tem (em todos os aspectos: econômico, financeiro, social, familiar, sentimental, etc.).


O suicídio é comum nesse contexto?

Sim. Muitas vezes pensamos que, pelo fato do idoso já estar mais velho ou no "final da vida", ele seria incapaz de cometer suicídio. Infelizmente há vários casos, o que denota uma situação extrema da depressão, pois o suicídio foi visto como a única forma ou maneira de sair daquela situação que lhe trazia desespero, angústia e tristeza profunda.

Qual deve ser o papel dos familiares assim que o problema é diagnosticado?
É muito importante a família dar todo o apoio à pessoa idosa e, principalmente, àquela diagnosticada com depressão. É a família que irá constituir a base para esse idoso, o resgate do sentido de viver e permanecer vivo. Junto a qualquer tratamento, a família é coadjuvante nesse processo. Cabe à família inserir novamente esse idoso nas relações sociais e familiares.

Como é feito o tratamento na depressão dos idosos em geral?
Como dito anteriormente, a família deve estar alinhada e integrada ao tratamento da depressão na pessoa idosa. O tratamento consiste na ajuda médica (psiquiátrica, com o uso de medicamentos antidepressivos) e na ajuda psicológica (com a psicoterapia, no sentido de buscar, na vida desse idoso, o valor  das coisas, o sentido da vida, a alegria de permanecer vivo). Então, associamos o tratamento médico, psicológico, juntamente com o apoio fundamental da família.

Dra. Raquel Maracaípe de Carvalho é psicóloga formada pela Universidade Católica de Goiás (UCG). Especialização em Curso de Formação em Gestalt-Terapia pelo Centro de Estudos em Gestalt-Terapia – CEGEST. Mestrado em Psicologia Social pela UCG. Doutorado em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO). Atualmente é coordenadora adjunta do curso de Psicologia das Faculdades Alves Faria (ALFA). É professora adjunta das Faculdades ALFA nos cursos de graduação, pós-graduação e mestrado, com as disciplinas Psicologia do Ciclo Vital (Infância, Adolescência, Maturidade e Velhice), Psicologia Social, Psicologia da Aprendizagem e Gestão de Pessoas. Tem experiência em Psicologia clínica no atendimento a adolescentes, adultos e idosos. Filiada ao Conselho Regional de Psicologia do Estado de Goiás – CRP-GO – sob o nº 09/2274. (Contato: raquel.carvalho@alfa.br)